quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Martha Medeiros fala sobre seu novo livro Fora de mim e sobre o atual cenário da literatura nacional

Martha Medeiros é gaúcha de Porto Alegre, a cidade celeiro de grandes nomes da literatura nacional. Admirada por muitos escritores brasileiros, ela lança seu novo romance “Fora de mim”. Não há lançamento previsto para Curitiba, mas o 500g de Cultura conversou com a escritora sobre a nova obra, sobre literatura na internet entre outros temas. Acompanhe a entrevista completa, concedida por e-mail. E ainda um trecho do livro e uma pesquisa de preços entre as maiores livrarias presentes em Curitiba.
Lançamento do Fora de mim na Livraria Saraiva,em Porto Alegre

500g - Como foi o processo de composição desse seu novo livro: Fora de mim?
Martha - Comecei a escrever esse livro em 2008, numa época em que estava passando por uma tristeza semelhante a da personagem. Mas logo interrompi a continuação do livro e lancei o Doidas e Santas. Só agora, em 2010, é que retomei a narrativa, já desapegada daquela dor antiga e investindo fundo na ficção. O livro ficou completamente diferente do que eu imaginava no início.

500g - Sua obra Divã, já foi adaptada para o cinema e para o teatro. Há possibilidade ou alguma especulação de que o Fora de mim, percorra o mesmo caminho?
Martha – Não há nada conversado, mas se alguma atriz se interessar em montar o livro, estarei aberta a ouvir. O livro tem potencial para se desdobrar. 

500g - Esta obra é um romance, você já lançou livros de poesia, e é cronista em um dos maiores jornais do país: o Zero Hora. Em qual estilo literário você se sente mais a vontade, por quê?
Martha - Tenho mais prática com a crônica, ela faz parte do meu dia-a-dia. A poesia segue sendo um “hobby”. Mas é a ficção que hoje me dá mais prazer, pois é mais desafiador, eu ainda não tenho fôlego suficiente para contar uma história longa, então é através da ficção que me exercito mais, me aplico mais, dou mais de mim.

500g - Atualmente há milhares de blog’s literários em língua portuguesa. Muitos autores alcançam oportunidade para publicar através do trabalho na web. Você acredita numa geração de escritores vindos da web para os livros?
Martha - Acredito, claro. O blog não é excludente, não é um gueto, é apenas mais um veículo de divulgação de textos. Porém, como são muitos os blogs, é difícil encontrar alguém que realmente se sobressaia, mas há muita gente boa escrevendo. 

500g - Você costuma ler blogs literários? Se sim, quais?
Martha - Sinceramente, não acompanho blogs, não tenho tempo. Às vezes alguém me indica alguma coisa, dou uma olhada, mas não me torno fiel.

500g - Quais autores foram fundamentais para sua formação como escritora?
Martha - Tudo que eu leio, até hoje, me ajuda na minha formação, mas se eu tivesse que citar apenas um nome, citaria Marina Colasanti, ela foi decisiva na minha formação como mulher, mais do que tudo. 

500g - Que livro está lendo atualmente?
Martha - “Os íntimos”, da portuguesa Inês Pedrosa. Estou gostando bastante.

500g - O Rio Grande do Sul é conhecido por lançar diversos escritores reconhecidos nacionalmente, só entre os autores contemporâneos pode-se citar Luis Fernando Veríssimo, Caio Fernando Abreu, Fabrício Carpinejar e você. Há alguém que você possa apontar como expoente da literatura gaúcha atualmente?
Martha - Luis Fernando e o falecido Caio são ícones incontestáveis, assim como Lya Luft. Gosto muito do trabalho da Cintia Moscovich, mas quem realmente tem se destacado na paisagem literária gaúcha é mesmo Fabrício Carpinejar, que parece ser um vulcão em constante erupção, lida com as palavras de um jeito vigoroso e criativo, e sua literatura está não apenas no que ele escreve, mas na forma como vive, se veste, se expressa. Não existe distância entre autor e obra.

Para quem busca visibilidade no meio literário nacional, quais são suas dicas?
Martha - Paciência, antes de tudo, porque o mercado não consegue absorver tanta gente produzindo. Humildade, porque há aqueles que pensam que possuem mais talento do que realmente têm. E perseverança. Outra coisa: muita leitura. Muita! E ter uma vivência real, gostar da vida no que ela tem de bom e ruim, se jogar, ser uma pessoa que não veio ao mundo a passeio, mas que se entrega às suas emoções.

Leia abaixo um trecho do Fora de mim: 

“Eu sabia que terminaríamos, eu sabia que era uma viagem sem destino, sabia desde o início e não sabia, não sabia que doeria tanto, que era tanto, que era muito mais do que se pode saber, ninguém pode saber um amor, entender um amor, tanto que terminou sem muito discurso, foi uma noite em que você quase pediu, me deixe. Ora, pra que me enganar: você realmente pediu, sem pronunciar palavra, você vinha pedindo, me deixe, olhe o jeito que te trato, repare em como não te quero mais, me deixe, e eu, de repente, naquela noite que poderia ter sido amena, me vi desistindo de um jantar e de nós dois em menos de dez minutos, a decisão mais rápida da minha vida, e a mais longa, começou a ser amadurecida desde o dia em que falei com você pela primeira vez, desde uma tarde em que ainda nem tínhamos iniciado nada e eu já amadurecia o fim, e assim foi durante os dois anos em que estivemos tão juntos e tão separados, eu em constante estado de paixão e luto, me preparando para o amor e a dor ao mesmo tempo, achando que isso era maturidade. Que idiota eu sou, o que é que amadureci?”

O livro está à venda nas melhores livrarias de Curitiba.
Confira os preços:
Saraiva (Online): R$ 19,80
Livrarias Curitiba (Online): R$ 29,90
Fnac (Online): R$ 23,90 

Entrevista: Luana Gabriela
Foto: Rodrigo Lorandi - Fonte: www.saraiva.com.br