terça-feira, 26 de abril de 2011

Som da cidade: Lemoskine é destaque no cenário curitibano

Rodrigo Lemos é o porta-voz da Lemoskine. A banda que tem pouco tempo de estrada já tem público cativado, e muitos projetos. Um pouco pela experiência de Rodrigo, ex-Poléxia, e outro tanto pelas parcerias bem sucedidas. Leia abaixo entrevista com Rodrigo sobre a Lemoskine, cultura curitibana e projetos paralelos do próprio Rodrigo. A entrevista foi concedida por e-mail. 

Quem forma o Lemoskine? Como o grupo se formou?
A banda começou como um projeto solo, no qual eu gravava a maior parte dos instrumentos e enviava as canções para minha lista de e-mails - por dois anos consecutivos escolhi o Natal como data ideal para "presentear" os amigos. Mas, de um jeito muito natural, os músicos que participaram das gravações seguintes foram ganhando mais espaço nesse projeto, de forma que hoje tenho muita sorte de poder contar com Alexandre Rogoski (bateria), Vinícius Nisi (piano, sintetizador, samples), Diego Perin (baixo, concertina, clarineta), Thiago Chaves (guitarra, vocais) e Luís Bourscheidt (percussão e vocais) para me acompanhar nos palcos e na vida.

Entre alguns dos teus trabalhos com maior exposição está a Poléxia, a banda acabou, mas o que ficou em você daquele período polexiano? 
Foi minha graduação, né? Um projeto "quase famoso", como o próprio nome sugeria. Eu vivi muito intensamente a Poléxia e, certamente posso falar pelos outros, aprendemos muita coisa juntos. Foram anos especiais (2002-2009) em que conhecemos muita gente, tocamos em várias cidades, fizemos contatos profissionais também, aquele background todo... E "o que ficou" é a sensação de dever cumprido. Durou o que tinha que durar. Atingiu o que pôde ser atingido sem nenhum investimento de gravadora.

O som do Lemoskine tem uma proposta diferente do que você já fez com a Poléxia, e do que faz com a Banda mais bonita. Quais são as influências da Lemoskine?
Esse grupo de canções que estamos trabalhando nos shows (tem uns 40 minutos de duração) são mais influenciadas pelo Brasil. Então não quer dizer que estou fazendo, samba, bossa, coco, mangue... mas que, sim, eu tenho vontade de deixar esses elementos aparecerem. "Alice", "Carona" e "Menina Laranja" são vieram a partir disso. Aí, para citar nomes, entra muita influência de Otto e Nação Zumbi. E a coisa de experimentar timbres, texturas... é culpa do Radiohead que não sai da minha cabeceira desde 1997.

O nome deste projeto é uma brincadeira com seu sobrenome e o moleskine. Desde o seu primeiro, quantos você já usou? Você costuma anotar as ideias ou acha que se a ideia for boa, ela volta?
Eu ganhei meu primeiro Moleskine no fim do ano passado!!! Eu, de fato, uso mais para anotar compromissos do que idéias musicais, mas já tenho pensado em lançar um personalizado, com letra e cifras das músicas, links, sei lá... Se souber de algum investidor que queira bancar a idéia "moleskine do Lemoskine", me avisa :P

Além da Lemoskine e da Banda mais bonita da cidade, (esqueci algum projeto?), você também é produtor musical e trabalha com trilhas de teatro e cinema. Como foi seu envolvimento com estas duas artes. Em que peças, filmes a gente pode encontrar seu trabalho?
Tem o Naked Girls and Aeroplanes, que é uma espécie de "banda de gravação" formada por mim, Artur Roman e Wonder Bettim (integrantes dos Sabonetes). A gente tem se encontrado pra registrar umas canções folk que fazemos em inglês, sempre com algum convidado especial (www.soundcloud.com/nakedgirlsandaeroplanes).

Sobre o trabalho: recentemente, trilhei um episódio de Casos e Causos da RPC, que se chama "Nunca Volte a Fuerte Rosário"; da Asteróide Filmes. No teatro, fiz direção musical do espetáculo "Elizaveta Bam", dirigido por Edson Bueno e Nadja Naira, e ajudei no processo de duas peças da companhia Teatro de Breque, que são "Chiclete e Som" e "Com Amor". Em andamento, e com estréia prevista para o segundo semestre, vem o longa metragem "Circular" - parceria das produtoras Processo Filmes e Grafo Audiovisual - no qual assino produção musical.
Capa do primeiro EP da Banda

Você é curitibano? O que mais aprecia na cultura local?
Não sou. Sou carioca. Mas moro aqui desde os 10 anos e não sei exatamente o que me instiga. Deve ser essa pluralidade das coisas... Não existe um estereótipo cultural, um modelo, um gênero do qual o artista não possa escapar. Talvez um tempo fora me diga o que mais me instiga na cidade, mas por hora só sei do que fazemos dia após dia, que é: trabalhar para crescer enquanto ser humano e continuar expressando nossas idéias.

E segundo a sua visão, qual o maior problema para o desenvolvimento cultural de Curitiba?
Nenhum. Não concordo com essa visão de que falta algo. Pelo contrário. Acho que algo de muito positivo está acontecendo e as pessoas (público e artistas) estão sentindo isso também.
Quais são os próximos shows da Lemoskine? 
Estou concentrado em terminar um novo EP e finalizar no começo de maio em viagem que farei a Nova Iorque. Então, não marcamos nada para os meses de abril e maio mas, em junho, participaremos do "Acústico Mundo Livre", projeto já bastante conhecido aqui da cidade.

Quais são as aspirações da banda, e os projetos para 2011?
A maior urgência é conseguir rodar um clipe bem bonitão de "Alice"... A canção já figurou em podcast gringo, entrou na programação da rádio Oi FM e está em destaque na edição desse mês da Rolling Stone BR. A repercussão pegou a gente de surpresa... Então, vai ser um sonho se este clipe ficar pronto logo. Além disso, claro, o foco é a estrada! Lançar essas novas faixas, juntar com as que já foram lançadas e fazer muitos shows pra continuar propagando o som.
Redação: Luana Gabriela 
Foto: DIEGO CAGNATO