quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ateliê do Ócio - uma ideia inédita no Brasil

Qual espaço você tem em sua agenda para fazer nada? Quantas vezes já ouvir falar em ócio criativo? Já experimentou ficar sem fazer nada, mas pensando muito, e fazer disso um lazer? Esta é a proposta do Ateliê do Ócio. O criador Tom Lisboa, Mestre em Comunicação pela Universidade Tuiuti do Paraná, conta como surgiu a ideia de desenvolver o espaço que é inédito no Brasil. 

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Como surgiu a ideia de abrir o espaço  Ateliê do Ócio?
 Eu percebi que bibliografia disponível sobre o ócio e o tempo livre era extensa, autores acabaram se consagrando por teorizar a importância de uma educação continuada para o tempo livre (como é o caso de Domenico De Masi), mas em nenhum destes livros eu encontrei um modelo prático a ser seguido. Para preencher esta lacuna, eu criei a Drops Cultural, uma empresa voltada para o Treinamento para o Tempo Livre. Entre as várias atividades disponíveis (como idealizar e montar exposições, assessoria cultural para executivos e organizar eventos) está o Ateliê do Ócio.

Claro que havia vários enfoques possíveis quando  pensei em idealizar uma empresa que “treinasse alguém para o tempo livre”. Acabei optando pelo treinamento através da arte e do aprimoramento cultural. Por ser artista visual com especialização em marketing e mestrado em comunicação, consigo ver claramente como a arte e o universo de criação dos artistas podem renovar a rotina e estimular a capacidade imaginativa das pessoas. Em uma época em que a inovação e a criatividade são atributos cada vez mais valorizados no mercado (e na própria vida), o ser humano precisa estreitar sua ligação com a arte.

Qual a proposta do Ateliê do Ócio?
O Ateliê do Ócio é um espaço onde aprendemos disciplinas que deveriam ser tão importantes quanto a que aprendemos na escola ou na universidade, tais como aprender a ver um bom filme, escutar músicas menos comerciais e entender arte contemporânea. Atualmente, há quem erroneamente julgue estes atributos como uma espécie de elitismo. Se for este o caso, eu sou a favor do lema “elitismo para todos”.  Conhecimento é um direito ao qual o ser humano tem direito e evoluir a partir dele faz parte de seu crescimento.

Há quanto tempo este evento acontece, e com que frequência?
A Drops Cultural foi lançada em 2005, mas era voltada apenas para conceber e montar exposições e organizar eventos culturais. Foi nesta época que eu idealizei o Ateliê do Ócio. Durante quatro anos, eu me dediquei a preparar seu conteúdo, montar aulas, gravar e editar material audiovisual para ser exibido e selecionar textos para leitura. O primeiro Ateliê foi feito ano passado, na Livrarias Curitiba. Atualmente, ele está sendo implantado em empresas (o SESI é um dos clientes), visando estimular a criatividade, eliminar os efeitos negativos da rotina, criar novas relações no ambiente de trabalho e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Qual a dinâmica das reuniões?
As reuniões são todas planejadas, mas não há um formato fixo. O conteúdo é sempre sobre cinema, artes visuais, literatura, música, moda ou design. Não tenho como hábito divulgar o que vai ser apresentado. Acho bom estimular o gosto pela experimentação antes do(a) aluno(a) chegar no local. Em cada encontro eu ministro pequenas palestras, apresento filmes, exibo documentários, distribuo textos e, a partir disto, estimulo muito a reflexão do grupo e oriento os debates.
Outra parte obrigatória é a Agenda Cultural, que traz sempre dicas interessantes de atividades e locais para quem quer aprender a sair da rotina e descobrir novas opções de entretenimento. Ao contrário do que se pensa, entretenimento não é algo vazio. Infelizmente,  há quem pense que se distrair é apenas “ir ao cinema para não pensar”.

Como é formado o público que comparece ao Ateliê?
 Difícl responder esta pergunta porque ele é muito variado. Pessoas dos 17 aos 65 anos já frequentaram o Ateliê do Ócio e vários tipos de profissionais. Aliás faço questão de dizer no material de divulgação que o único pré-requisito para participar é “querer sair da rotina”.

Onde os encontros acontecem?
 De modo aberto e gratuito, apenas na Livrarias Curitiba, uma vez por mês. As datas podem ser verificadas no site ou na publicação impressa da empresa.
No entanto, o Ateliê do Ócio é realizado em empresas, associações e até mesmo em pequenos grupos fechados. A educação para o tempo livre proposta pela Drops Cultural não obedece certos padrões estabelecidos de ter uma grade horária fixa ou sede própria.

Para outras informações acesse o  site da Drops Cultural: www.dropscultural.com.br 
Ou ainda a página do idealizador do Ateliê do Ócio, Tom Lisboa: www.sinTOMnizado.com.br/tomlisboa

    Material de divulgação do Ateliê do Ócio

domingo, 18 de abril de 2010

Um Rascunho eternizado

Adjetivar como eterno um veículo que este ano comemora 10 anos de existência pode parecer um pouco exagerado. Mas não é. Isso porque o jornal literário Rascunho firmou neste período seu nome entre os maiores meios de comunicação com temática cultural do país. O reconhecimento vem do público, colaboradores e de grandes autores da literatura nacional, como Lygia Fagundes Telles e Dalton Trevisan.

O idealizador do jornal Rogério Pereira fala sobre o início do Rascunho, as parcerias e os próximos projetos.  Confira abaixo a entrevista completa.

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Rascunho completa em 2010 dez anos de existência. Como ele surgiu?

O Rascunho nasceu para ser um suplemento literário de Curitiba, sem grandes pretensões nacionais. Na época, os jornais da cidade não tinham (e até hoje não têm) um suplemento dedicado à literatura. Portanto, o jornal nasceu desta carência e da vontade de um grupo de jovens de fazer algo que consideravam interessante no jornalismo. Desde o início — e isso se explica, talvez, pelo ímpeto juvenil que nos rondava; todos tínhamos pouco mais de 20 anos e havíamos deixado a universidade recentemente —, o Rascunho sustentou uma proposta de crítica livre, sem vínculos com grupos, panelinhas, etc. Não queríamos fazer um suplemento parecido com o que ofereciam os grandes jornais. Partimos para uma “missão” um tanto iconoclasta. Hoje, mesmo com o amadurecimento do jornal, o Rascunho ainda é visto e reconhecido (o que é muito bom) como um veículo combativo, desapegado de tendências. Enfim, um amplo palco para discussões de maneira salutar e honesta. Também tínhamos uma preocupação em conceder espaço aos autores que estavam fora da grande mídia. Isso é uma marca do jornal que segue forte até hoje.



Neste período o jornal conquistou leitores, colaboradores e o respeito de autores consagrados como Lygia Fagundes Telles, Dalton Trevisan e Miguel Sanches Neto. Qual a importância disso para a consolidação do jornal como um veículo cultural no país?
O reconhecimento é fundamental para a existência do Rascunho. Hoje, ele circula em todo o país e é reconhecido com um veículo importante no cenário cultural do País.


Como é feita a distribuição do jornal? Ele pode ser encontrado em todo território nacional?
O Rascunho é distribuído em todo o País pelo Correio para assinantes e cortesias. Além disso, tem diversoso pontos de distribuição em Curitiba, Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Também é encontrado nas 17 lojas da Livrarias Curitiba no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Além disso, mantemos parceria de distribuição com o Itamaraty (25 embaixadas do Brasil recebem o Rascunho), Fundação Cultural de Curitiba, Secretaria Municipal da Educação, Biblioteca Pública do Paraná, entre outros.


Atualmente o Rascuho foi selecionado para receber recursos do governo federal. Como você pretende aplicar este recurso?
Os recursos do edital do MinC (venda de 7 mil assinaturas anuais) serão utilizados para pagar as dívidas do jornal, fazer um novo site e manter o jornal vivo por pelo menos mais um ano.

A partir do jornal surgiu o Paiol Literário. Qual o objetivo do Paiol Literário como evento cultural já integrado ao calendário da cidade?
O Paiol Literário é um espaço para o contato do público com os escritores. É uma troca muito interessante. O projeto tem memória, pois todos os encontros são gravados, transcritos, editados e publicados no Rascunho e no site. Em breve, teremos um livro com os encontros já realizados. Até agora, foram 38.

Qual o próximo autor que participará do Paiol Literário?
Ainda não definimos. Será em 19 de maio.

Neste mês de abril a Fundação Cultural de Curitiba lançou o programa Curitiba Lê. Que tem como função aumentar a qualidade e a quantidade da leitura na cidade. São mais de 10 Casas da Leitura e ainda uma Estação da Leitura – no Terminal do Pinheirinho, onde é possível realizar o empréstimo de livros. O que você acha desse tipo de iniciativa?
Acho imprescindível o trabalho do Estado na difusão e incentivo à leitura. Eu fui um dos curadores do acervo desta iniciativa da Fundação Cultural de Curitiba.


Há algum contato entre a Fundação Cultural de Curitiba e você para possibilitar a distribuição do Rascunho nessas Casas da Leitura e na Estação da Leitura?
Nós mantemos um acordo de distribuição do Rascunho em diversos pontos administrados pela Fundação. Com certeza, o Rascunho estará presente nestas novas iniciativas.

Para quem quiser fazer a assinatura do jornal, qual a forma?
Basta acessar o site www.rascunho.com.br, preencher um cadastro. A cobrança bancária é enviada por e-mail. O jornal segue pelo correio. Simples. A assinatura anual custa R$ 60,00.

Quais os próximos projetos seus relacionados ao Rascunho?
Neste ano, teremos antologia das melhores entrevistas do Rascunho nestes 10 anos. Serão 2 volumes com 20 entrevistas cada. Além disso, teremos um novo site.

 
                                                    Capa da edição comemorativa de 10 anos